Ainda não falei sobre a crise política que vivemos em Portugal por um par de motivos. Em primeiro lugar porque há gente que escreve, e faz crítica política bem melhor do que eu, e em segundo, porque sinceramente não tive vontade. Agora, passado o reboliço do jogo político da última semana - e porque não tenho nada melhor para fazer - vou falar do ponto de vista de um jovem informático, cujo salário lhe permite chegar ao final no mês, umas vezes mais desafogadamente, outras a comer pão com atum na última semana do mesmo.
Ora bem, o que me assusta não é necessariamente a crise financeira, mas sim a crise de valores. Não os da bolsa, mas aqueles cujas pessoas com coluna vertebral direita se regem, e os quais se sobrepõe a qualquer tipo de interesses obscuros. Algures no tempo, a profissão de político surgiu com o intuito de servir o povo, e não servir-se do povo. Esta mutação surgiu devido à ganância que o ser humano tem pelo poder, pelo dinheiro, pela fama. Não é por acaso que mesmo com a situação financeira portuguesa actual, os partidos políticos estejam desesperados por assumir o controle dos destinos do país.
Enquanto isso - nós, peões deste enorme jogo de xadrez - estamos descrentes na política, e na sociedade.
Temos de fazer cada vez mais contas para seleccionar onde vamos usar o pouco dinheiro de que auferimos no final de um mês de trabalho, e com isso viajamos cada vez menos, saímos cada vez menos... isolamos-nos cada vez mais, reflectimos mais, e ficamos mais descrentes.
Neste entretanto já entramos num ciclo vicioso, que nos puxa para baixo como um autoclismo.
Esperemos por dias melhores, por atitudes melhores, e por pessoas melhores...
sábado, 26 de março de 2011
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