quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Desabafo

Deixem-me contar-vos uma história... a minha história. Eu não nasci num berço de ouro... o que é pena, pois se o mesmo ainda estivesse em minha posse, poderia fazer algum dinheiro  ao vendê-lo no OLX. O ouro não desvalorizou... aliás, provavelmente foi a única coisa que não desvalorizou nos últimos tempos, já que os valores humanos e sociais, esses sim, vão perdendo valor a cada dia que passa.
Sou de um país - e de uma terra - onde as oportunidades pertencem aos outros, aos que têm amigos bem colocados, em cargos estratégicos. Aos que alimentam estômagos e egos de "poderosos", num acto de bajulação que chega a meter dó e nojo. Geralmente são reconhecidas em mim muitas capacidades, sobretudo numa óptica de aproveitamento pessoal, em que muitas vezes embarco, pois gosto de ajudar pessoas...
"Tens um enorme potencial", foi provavelmente a palavra que mais ouvi durante a minha vida. Os anos passam, e continuo a olhar este conceito de sociedade, de modo estranho. Isto porque sempre que me distancio e observo este circo de invejas e vaidades, não percebo bem onde e como me colocar, e provavelmente será essa a minha maior falha, o meu maior defeito.

sábado, 21 de julho de 2012

Uma vida, uma chance, uma possibilidade

Uma coisa que sempre me intrigou/intriga, é o facto da honestidade e da sinceridade terem resultados diferentes na teoria e na prática. No fundo, a rectidão da tua tábua de valores, e o modo correcto como encaras as pessoas e a vida, podem ser vistos pelos demais como uma capa de quem tem algo a esconder... porque de facto, todos esperam que hajas como um cabrão desalmado, que utiliza as pessoas e as situações em proveito próprio, de modo a saciar o seu ego, e demais necessidades pessoais.
Desde novo me foi incutido que agisse correctamente com as pessoas, não brincando com os seus sentimentos. Não vou dizer que nunca o fiz. Fiz com certeza... Uma vez li que as atitudes correctas se ganham com a experiência, e que a experiência se ganha com atitudes erradas. 
Tal como o fiz com outros, outros o fizeram comigo... e o sabor a fel da desilusão que nos fica no corpo e na alma, tem tanto de negativo como positivo, pois ensina-nos a olhar para a vida de outro modo.
Hoje em dia peso muito mais as consequências dos meus actos, que há uns tempos atrás... E isto é uma das coisas fantásticas que a idade e a experiência de vida nos proporcionam... primeiro erramos, depois aprendemos, depois fazemos correctamente. São os passos básicos de atingir o saber desconhecido. É assim que funciona com tudo, excepto com passar camisas a ferro... bem, talvez nunca tenha tido mesmo a necessidade de o aprender a fazer correctamente.

Outra coisa que aprendi, é que faças algo bem, provavelmente alguns te irão criticar por isso... faças algo mal, certamente muitos te irão criticar por  isso...
Com a impossibilidade de agradar a toda a gente, o mais simples e lógico, é agradares a tua consciência. Porque no fundo, se estiveres bem contigo mesmo, as pessoas que gostam de ti, vão ficar do teu lado, e as pessoas que não gostam... bem, essas que se f... odam!

Tens uma vida, uma chance, e uma possibilidade de ser feliz... aproveita-a ;)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Condicionantes do meio

A partir da minha fase adulta - e considero isso os 18 anos - sempre vivi em cidades. Cidades onde conhecia pouca gente, e pouca gente me conhecia. Isso permitia-me gozar de uma certa liberdade, ir a sítios sem ser notado, e esquecer um pouco a lei da "acção-reacção". Se metesse o pé na argola, dificilmente essa notícia se espalharia. Se me apetecesse estar sozinho, poderia sem problema passear em ruas superpovoadas, sem que alguém me proferisse uma palavra que fosse.
É verdade que nos meios pequenos toda - ou praticamente toda - a gente se conhece, e com isso as nossas acções, a forma como vivemos, a forma como agimos pode ser condicionada.
Se um dia decides que vais abraçar o nudismo, e por acaso sais de casa como "vieste ao mundo", muito provavelmente condenaste a tua existência futura e a forma como as pessoas te encaram e te vão encarar a partir daí. É necessário pensar duas vezes antes de fazer as coisas (o que nem sempre é mau!).

O problema reside quando deixas que estes factores condicionem a tua existência. Viver em função do que os outros possam pensar, ou possam dizer... abdicar de fazer algo que queremos fazer, de ir a sítios que queremos ir, de estar com pessoas com que queremos estar... é talvez o maior erro que se pode cometer durante a nossa estadia na terra.
A não ser que a política seja a tua praia, e dependas da opinião generalizada para vingar no meio, o meu conselho basicamente é: VIVE EM FUNÇÃO DAQUILO QUE TE FAZ FELIZ, E NÃO DAQUILO QUE FAZ OS OUTROS FELIZES!!!
E agora vou vestir alguma coisinha, porque senão ainda me constipo...


Beijos e abraços


terça-feira, 19 de junho de 2012

Abençoada estupidez

Por vezes quando observava alguns cães a correr atrás do próprio rabo - como quem acredita piamente que a felicidade está ali um palmo à frente do nariz - sorria da estupidez de tal acto.
Contudo já dei por mim a fazer o mesmo. Não literalmente, mas metaforicamente.
O objectivo de todos nós - independentemente do que possam dizer - é atingir esse estado de espírito. E na nossa subjectividade e individualidade escolhemos os caminhos para tal.
Há quem a procure num carro topo de gama, numa plasma do tamanho da Torre Eifel, numas férias de luxo numa ilha paradisíaca, em festas, em viagens, nuns sapatos, numa mala, em prazer sexual, em relações amorosas, em realização profissional, em realização desportiva, drogas, álcool... sei lá... São inúmeras as hipóteses, tal como são inúmeras as diferenças entre os seres humanos, e o que os motiva.
Mas voltando ao cerne da questão... também eu por vezes já dei por mim a procurar a felicidade no sítio errado, tentando alcançar algo inatingível, e que sinceramente teima/teimava em escapar sempre que chegava perto.
É nessa altura que deverá vir ao de cima o bom senso, e essa capacidade tão humana do raciocínio lógico de que somos dotados (alguns mais do que outros, é certo e sabido). Apesar da dificuldade que é fazer isso, convém saber distinguir o que está ao nosso alcance, daquilo a que não poderemos chegar... e evitar esse estúpido e completo desperdício de tempo, que é correr atrás do próprio rabo...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Hipocrisia, karma, lixo e cocó

Há vários tipos de pessoas no mundo.
Contudo e devido à complexidade humana, seria difícil catalogá-las tal como espécies de animais e plantas. Isto acontece sobretudo porque a pessoa humana, é dotada da capacidade de hipocrisia.
   
hipocrisia 
   (grego hupokrisía, -as, desempenho de um papel) 

  s. f.

   1. Fingimento de bondade de ideias ou de opiniões apreciáveis.
      2. Devoção fingida.


Eu tenho um lema de vida. Quando conheço uma pessoa nova, coloco-a directamente num patamar alto. Isto acontece porque acredito - talvez porque passei a minha infância a ver e ler séries de super heróis - que todas as pessoas são boas e justas.
Em detrimento das suas acções, quer sejam positivas, quer sejam negativas... as pessoas - e respectivamente -ou se mantém nesse patamar, ou vão descendo na minha consideração, até ao nível - e aqui sou tão técnico como as agências de rating - lixo.
Já me deparei com muito lixo na vida... infelizmente ou não, vou aprendendo com isso. Há lixo reciclável e depois há aquele orgânico, que eu designo simplesmente de cocó. O máximo que me pode acontecer neste ponto é pisá-lo por distracção.
Isto tudo para dizer o quê?
Que as pessoas confundem bondade com ingenuidade. Que damos uma mão, e querem logo um braço, uma perna, e um rim!
Felizmente eu acredito no Karma, que o mundo é um espelho, e na lei da acção-reacção (http://pt.wikipedia.org/wiki/Carma). E que portanto praticando o BEM, teremos sempre uma possibilidade de receber BEM... já praticando o MAL, essa possibilidade é anulada à partida.

"Não há almofada mais fofa do que uma consciência tranquila".
Sejam felizes

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Regresso (c/ novidades)

Prezados leitores,
Porventura todos vocês - amigos, conhecidos, pessoas com muito tempo livre, e/ou que gostam de desperdiçar tempo a ler as crónicas satírico-qualquercoisa que deposito aqui no blog - se devem estar a perguntar o porquê da indiferença com que vos tenho tratado nos últimos meses...
Fui informado de que a taxa de depressões disparou nos últimos tempos, e consequentemente um aumento extraordinário de casos de tristeza aguda  (ok, pode ser por causa da tal "crise", mas deixem-me sonhar).
Antes de mais - e qual marido arrependido após um caso de infidelidade com a empregada de balcão do café do bairro - quero salientar que continuo a gostar de todos vocês como no primeiro dia que as nossas vidas se cruzaram num endereço de uma página web, num qualquer monitor de computador. Contudo, e devido a problemas do foro pessoal, a minha disponibilidade/disposição para a galhofa lírica esteve um pouco desvanecida, como que encoberta por uma nuvem gigante, ou tivesse ido de férias até Miami, tivesse perdido tudo no jogo, e não conseguisse voltar a casa...
A verdade é que - depois de dormir na rua, ter sido obrigada a prostitui-se, ter furtado um veículo automóvel de um magnata do petróleo vestido com roupas do Elvis Presley, e entrado ás escondidas num avião, camuflada numa mala de viagem - ela por fim voltou. E voltou em força... Brevemente as crónicas deste blog, vão passar para formato papel limpa vidros, que é como quem diz jornal.
Antes que tal suceda, e que o constante assédio de fans e da imprensa cor-de-rosa, seja impedimento para me dirigir ás pessoas que desde o princípio estiveram sempre comigo, que partilharam as suas opiniões comigo, que me ajudaram neste processo evolutivo de "quase escritor/cronista", para "quase, quase escritor/cronista" o meu muito obrigado.
Fiquem por aí, porque irei partilhar todos os textos que no futuro, saiam desta mente distorcida e com uma visão própria da realidade (uma espécie de Passos Coelho da escrita, mas em bom!).

Beijos e abraços

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

E depois do adeus?

Bem, tudo na vida tem um prazo de validade, e consequentemente chega ao final. É assim com os iogurtes, com o arroz, com os preservativos (verifiquem sempre a validade sff que o látex perde propriedades e rasga mais facilmente!)...

Este será o último mês em que na minha morada constará a palavra Aveiro (pelo menos por agora).
Os 2 anos e 3 meses passados nesta cidade, cuja Ria rasga ao meio, e em que o mar está à distância perfeita de um namoro à moda antiga... foram dois dos melhores anos da minha vida.
As pessoas fantásticas que conheci, as experiências que vivi, não poderiam ser relatadas num livro, muito menos num post, mas resumidamente posso referir que vivi momentos de paixão, euforia, raiva, solidão, felicidade, amizade, frustração... tive frio, tive calor, comi tripas e ovos moles... enfim, vivi na plenitude dos meus sentidos.
A relação que estabeleci com a cidade foi-se desgastando (sobretudo a nível profissional), e a páginas tantas encontrei-me num cruzamento. Optei por mudar de direcção rumo ao desconhecido, porque o que conheço deste lado é incapaz de me completar.

Foi aqui que descobri a bicicleta, apaixonei-me pela corrida, e dei início à minha vida de atleta amador... Foi daqui que fiz travessias, que saí para maratonas de btt, corridas de atletismo e ultimamente duatlos. O interesse por este meio veio crescendo, e com isso compensando o facto de a nível laboral não me sentir realizado. Era o meu ópio, a minha válvula de escape... Contudo, e quando as relações são baseadas em interesses acabam inevitavelmente por sucumbir, como castelos de cartas à primeira rajada de vento.

Mais do que viver, esta etapa da minha vida serviu para aprender (e não falo só em tratar da roupa)... para me conhecer, crescer, saber o que (não) pretendo fazer.
Parto com muita esperança (e com vontade de parar para reflectir) no futuro.
Não sei se encontrarei o que procuro, mas prefiro morrer na procura, do que nem sequer o tentar.

Até já

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Valentim estavas bem era quietinho!

Pois é, hoje celebra-se o dia dos namorados (vulgo dia de S. Valentim)... a que eu particularmente gosto de chamar terça-feira.
A terça-feira (ou dia dos namorados) de um modo resumido e frio, celebra a morte de um bispo de nome Valentim, que contrariando as ordens da altura para cessar celebrações matrimoniais, andou a unir gente, e uniu-se (ou pretendeu) a si próprio com a filha de um carcereiro antes de falecer por condenação à morte (história aqui).

Vai daí alguém se lembrou "olha que história bonita... vou facturar uns trocos com isto!".
Colocar um bispo decapitado nos postais de namorados não é propriamente uma imagem agradável e sugestiva, e alguém por qualquer motivo trouxe à baila um anjo flácido e com excesso de peso, vestido com uma fralda feita a partir de um guardanapo de mesa, possuidor de um arco e uma flecha designado por Cupido, que é um pândego que gosta de andar por aí a espetar flechas em solteiros, convertendo-os em casais, e posteriormente usufruidores de benefícios no IRS.
Esta personagem da mitologia grega é o filho de Vénus (a deusa do amor), e - supostamente afirma Vénus - Marte, o deus da Guerra (história aqui).

Os postais já estavam, só falta mais qualquer coisita, porque as meninas não se contentam com um par de rabiscos num postal, e votos de amor eterno. Toda a gente sabe que aquilo que as mulheres realmente gostam é de di... flores e chocolates!
Este par flores/chocolates vem sendo utilizado desde os mais remotos tempos, e nas diversas situações em que o homem tinha a corda no pescoço (embora ultimamente tenha caído algo em desuso). Agora expliquem - já que isto me ultrapassa - porque raio celebramos a morte de um mártir, oferecendo ás "nossas" amadas chocolates e flores?!

Adiante, uma série de novas possibilidades se abriram neste dia, e dos chocolates passou-se para o jantar fora, o jantar à luz das velas (que é um retrocesso civilizacional, e uma falta de respeito por Edison), idas ao cinema, relógios, jóias, quartos de hotel... e por aí fora...

De qualquer das formas, e apesar de neste momento estar sozinho em casa a encher a minha boneca insuflável, através de ar expirado dos meus pulmões... A todos os enamorados, um feliz dia. Sejam felizes :)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A piada do selim

Quando em conversa surge o facto de praticar ciclismo de montanha, e por consequência as inúmeras horas que passo em cima da bicicleta, constantemente sou confrontado com questões (ou mesmo piadas) do selim...
Sorrio geralmente, mesmo que já tenha ouvido a mesma piada dezenas de vezes.
No intuito de fazer serviço público, e para aliviar o fardo da ignorância que carregam, seguem umas notas:

O selim magoa o rabo?
Sim!
É um facto. É talvez o que mais custa no início - isso e encarar subidas longas - e leva tempo até que o corpo de habitue. Mas depois de tantas horas, isso passa a ser cada menos problemático, até que se torna normal. E não, não gostamos de sentir dores no rabo, por isso há cada vez melhores calções, selins mais anatómicos, cremes específicos... E sim, o selim faz jeito para suportar o peso do corpo, e não prescindimos dele.

O porquê da lycra?
Conforto!
Quando comecei a pedalar, só usava calção largo e t-hirt... Depois calção almofadado pelos motivos que expliquei acima. Entretanto o algodão deixa de ser uma boa escolha quando pedalas a sério, pois pedalar a sério faz com que transpires (e muito), e descer uma encosta a 50kms/hora com uma t-shirt de algodão faz com que apanhes um frio do... E quando está calor a tua pele não respira, e não é nada cool andar com uma t-shirt a pingar, e com manchas.
O calção de lycra surge como consequência de tudo referido até agora. Para ir à praia, para ir para o trabalho, eu não vou de lycra. Mas para pedalar 50, 60, 70, ... 100 kms, e terminar a volta sem assaduras, e ter de parar para puxar o calção para cima, faz diferença.

Chamas algum nome à tua bicicleta?
Não!
O fabricante já tratou disso, e até lhe colou autocolantes. Gosto da minha bike, mas sobretudo de desfrutar dela. Não evito descer um vão de escadas para não "entortar" as rodas... meto-a nos trilhos mais sinuosos, e de quando em vez na lama. Sei que a lama não lhe faz bem, mas a mim faz!
É um meio para atingir um fim. Eu vejo-a como uma lupa que amplia a minha liberdade... não consigo correr 6h seguidas (pelo menos para já), mas consigo pedalar 6h, curtir kms de paisagens, ver inúmeras coisas num espaço de tempo mais reduzido, ou simplesmente colocar o meu coração a bater forte durante muito tempo seguido.

Namorada?!
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É uma bicicleta pá!
É constituída por uma liga metálica, e uma série de componentes mecânicos. Não sei o que vocês fazem com os vossos(as) namorados(as), mas alguma coisa anda a falhar aí. Eu não falo com a minha bicicleta, não durmo com ela, não a levo ao cinema, nem a abraço quando chego a casa... Não é a bicicleta, é o desporto!
Além disso se eu quisesse companhia e retribuição, arranjava um cão.

O problema é que:
Quando somos crianças adoramos a bicicleta...
Fechem os olhos, lembrem-se da sensação de "voar", de "planar" junto ao solo, sentir o vento na cara, desfrutar de uma enorme sensação de liberdade... Lembram-se?!
Mas depois crescemos, e nem todos temos o dom de ir em busca das sensações que nos põem um sorriso na boca, porque somos corrompidos pelo meio... porque para fazer desporto, é muito mais socialmente interessante sairmos de casa no nosso BMW, e irmos até um court de ténis bater umas bolas, ou fecharmos-nos num ginásio a olhar para o espelho (apesar de ser melhor do que nada)!
Seja como desporto, como meio de transporte, como forma de diversão... a bicicleta é um instrumento fantástico.

O verdadeiro atleta:
No ciclismo não podes fazer sinal para o banco quando estás cansado, não podes parar e caminhar... não podes desistir (pelo menos até conseguires voltar a casa).
Muitas vezes quando tens problemas, nem podes pedir ajuda, porque estás no meio do mato... provavelmente num local inacessível a veículos motorizados.
Para teres aproveitamento nos treinos/provas tens de dormir bem, comer bem, e para isso "adaptar" a tua vida social. Há outras formas de viver o desporto, mas para mim há muito que o ciclismo deixou de ser apenas um desporto... é uma forma de vida.
Enquanto em muitos desportos é preciso ter uma bola, no ciclismo é preciso ter duas!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Just The Way You Are

Sabem aqueles hits musicais, aquelas canções que nos perseguem no auto-rádio, e que por mais que a gente mude de estação, eles acabam por aparecer na nossa frequência?
Uma dessas músicas da moda é este "Just the way you are" de Bruno Mars (vídeo abaixo).



Nesta composição musical, o sujeito poético - apaixonado cegamente pela sua cara metade - tece os mais rasgados elogios à mulher amada, salienta desde o fio do cabelo, à unha do dedo do pé.
O som fica no ouvido é verdade, o rapaz é afinadinho, a batida pop foi feita para ser radio friendly, e tudo parece bater certo, até ao momento em que um gajo qualquer - possuidor de um blog onde escreve um par de tretas - resolve ouvir atentamente a letra.

Ora bem, a jogada é boa, começa com um par de referências a aspectos físicos da sua companheira. Que ela é linda, e tal... o que de facto, quando dito publicamente tem um impacto forte, e o pode fazer ganhar pontos, nesta batalha diária que é o amor...
Contudo temos aqui um ponto sensível, e este ocorre no momento em que ela lhe formula a pergunta:

- "Pareço-te bem?"

Ao que ele responde:

- "Blá, blá, blá... és fantástica do jeito que és..."

Errado!
Não é que tenha grande experiência no assunto, mas quando uma mulher nos faz uma pergunta do género, muito provavelmente passou horas a arranjar-se, ou mudou o corte de cabelo, ou fez a dieta do courgette e perdeu 2kg, ou comprou roupa nova, ou - e esta é a hipótese mais forte - todas as anteriores...
Se depois tu lhe respondes com um "tu és fantástica do jeito que és", muito provavelmente estás tramado! meteste o pé na poça! deste um tiro no pé! (e poderia estar aqui a enumerar metáforas, mas tenho de ir lavar a louça do jantar). É verdade que se não o fizeres também... mas isto tem a ver com a complexidade do mundo feminino, o que neste momento não será alvo de reflexão.
Responder a uma mulher "tu já és fantástica do jeito que és", é como que um insulto, que deita por terra tanto esforço, tanta dedicação, tantas horas no provatório da Zara, no salão de cabeleireiro, e semanas a alimentar-se única e exclusivamente de um legume, que está ali entre o pepino, e o melão, apresentado uma consistência aproximada a uma esponja molhada...

Depois ainda se queixa:
- "Quando a elogio, ela não acredita em mim..."

Pudera!
Pelo menos demora mais tempo... Não a olhes apenas nos olhos, faz um "check-up" rápido, e - agora se são do sexo feminino já podem fechar a página. Obrigado pela visita, voltem sempre... beijo :)
Se são do sexo masculino vão buscar o bloco de apontamentos sff - profiram umas das seguintes frases, que aprendi em filmes americanos:

- Estás mais magra?
- Esses sapatos ficam-te mesmo bem (neste ponto verifiquem se elas estão efectivamente calçadas, e não em chinelos/pantufas...)
- Mudaste alguma coisa no cabelo?
- Essas calças assentam-te mesmo bem (se elas estiverem mesmo de calças)

Ou (e isto no caso de irem sair juntos, exceptuando talvez se for para ir ter com a mãe dela),

- Bem, se fico muito tempo a olhar para ti, vou perder a vontade de sair de casa.

E pronto era só isto...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Medicina no Trabalho

Pertencer a esta elite do mundo laboral - a informática - por vezes obriga-nos a ser sujeitos a consultas de rotina, que avaliam as capacidades para efetuar as tarefas rotineiras deste trabalho. Nessas consultas, o nosso corpo é - superficialmente - escrutinado, sujeito a testes médicos, que corroboram (ou não), a nossa saúde para tal. É um mundo perigoso e altamente competitivo, onde não há margem para falhas. Um pequeno deslize e kabum... provavelmente o equilíbrio do Universo será afetado de forma permanente!

Eram 11h30 da manhã quando me dirigi a uma rua (que não vou dizer o nome), para encontrar uma clínica (que não vou referir qual), onde fui atendido por uma recepcionista (que sinceramente não sei como se chamava).
Após a normal espera a que somos sujeitos - isto mesmo que sejamos as únicas pessoas na sala para ser atendidas - uma simpática enfermeira encaminhou-me para uma sala.
Após me ter feito olhar por uma geringonça, que alternava entre números, letras, cores, e de me meter uns auscultadores com um comando em cada mão - e que certamente tivesse eu 4 anos iria achar o máximo - veio a interjeição: "dispa-se e deite-se na marquesa...". Foi nesse momento que eu pensei: "Isso é que é falar!" Até que me besuntou com um gel pegajoso, e espetou umas coisas frias no peito, acabando com todo o conforto do quentinho acumulado dentro da minha camisola de lã.
Enquanto estava ali imóvel e deitado, a enfermeira proferiu a frase "pratica desporto?!". Respondi um confiante "Sim", enquanto pensava que o esforço e dedicação ao desporto surtiram efeitos estéticos que deixavam o meu corpo desejável à promiscuidade feminina.
"Tem batimentos cardíacos muito baixinhos, isso é muito bom!!". "Ah pois... isso", E pumba a desilusão atingiu-me como um soco seco vindo do nada, e eu fiquei ali a saborear aquela trago a fel na boca. Eu que até gosto de enfermeiras desde a minha puberdade (especialmente após ter tido acesso à Internet)... adiante!!!".

Da enfermeira passei para o médico, que ao entrar no consultório proferiu a frase "dispa-se e deite-se na marquesa..."
Desta vez pensei:
"Mau!!! mas isto é uma avaliação para striper??? Eu sou informático pá!!! Carrego em teclas e arrasto um rato!!! Vestido!!!"

Lá acedi - desde que não seja exame à próstata, por mim está bem - ele auscultou-me, deu-me marteladas nos joelhos, nos braços, espreitou-me os ouvidos, os olhos... verificou a tensão e a pulsação, o peso, a altura, um par de perguntas de hábitos sociais e alimentares... perguntou-me se fumava ou bebia (enquanto no meu pensamento eu revia o episódio com a enfermeira e imaginava uma garrafa de bagaço a escorregar pelas goelas...), e mandou-me para casa com a frase:

"Bem, não há nada a dizer... continue assim. Um bom dia!"

Lá tive de trabalhar o resto da segunda-feira :/