quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Rescaldo de 2015

Rescaldos de final de ano são um exercício que tenho feito a cada troca de calendário, e para que este ano não seja exceção, vou referir o que de melhor e pior me aconteceu no ano de 2015.

Este post tem dois propósitos.
O primeiro é partilhar com as pessoas que se interessam pela minha vida, o que vivi ao longo deste ano. O outro, é no caso de ter problemas de memória, poder vir aqui espreitar, evitando assim o que se passava no filme "Memento", em que o protagonista tatuava tudo o que lhe acontecia para se recordar mais tarde.
No meu caso, tenho apenas tatuado o endereço do blog na nádega direita...

Antes do post em si, quero ainda referir que caso encontre uma maquina do tempo e possa voltar atrás para falar com o meu eu do passado, alguns fatos poderão ser alterados, não garantindo portanto ao leitor, que a informação que está a ler neste momento seja a actual (e não de um universo paralelo)...

Gostaria de dizer que este ano foi perfeito, mas infelizmente perdi alguns amigos e conhecidos no avançar das estações, o que foi duro.
Raramente penso na morte, mas quando ela começa a levar as pecas do tabuleiro a que chamamos vida, as coisas mudam um pouco...

Falemos de coisas boas.
Decidi abraçar um desafio fora de Portugal (novamente), e rumei à Holanda. Para alem das condições de trabalho e da organização empresarial, o fato de ser a meca do ciclismo urbano torna os meus dias mais agradáveis. Comecei a fazer tudo de bicicleta. Algumas coisas ainda não tentei, mas estou na disposição de.
Juntando a isso, fiz uma colecção de novos amigos, que me fazem sentir em casa. Amigos que aturam este modo peculiar que tenho, e insistem em querer estar comigo.

Viajei menos do que queria.
Fui a todas as grandes cidades da Holanda de bicicleta. Quase sempre pasteleira.
Fiz a minha primeira maratona de estrada.
Melhorei o meu Inglês, e sei dizer bom dia e obrigado em Holandês...
Progredi como pessoa e ser humano.
Melhorei como profissional.
Sinto-me melhor, mais forte, mais seguro do que no final do ano interior.

Continuo a ter o quarto (quase) sempre desarrumado.
Ainda não sou perfeito (mas continuo a limar arestas).
Aprendi algumas lições importantes.
Aprendi algumas lições com menos importância.
Fiz o melhor que pude em tudo.
Fiz algumas coisas bem.
Fiz algumas coisas menos bem.
Fiz algumas coisas extraordinariamente bem!

Para 2016 não peço muito mais.
Só quero continuar a ter saúde, e a capacidade de olhar para a minha bússola interior - e com maior ou menor dificuldade, maior ou menor êxito - continuar a encontrar o meu caminho...

E saúde, e dinheiro, e coisas boas...

Bom ano :)






terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O que queremos afinal do amor em idade adulta

Caras pessoas,
Após anos no terreno, creio ter reunido informação que certamente muitos de vocês também procuram, e que estou disposto a partilhar gratuitamente, elevando este blog ao estatuto de serviço publico!

O que irei apresentar de seguida centra-se sobretudo na óptica masculina. visto que a minha experiência no mundo feminino se resume a um Carnaval, em que praticamente fui forçado... mas não deixa de ser útil independentemente do género.

Falemos de Amor.

Tirando todo o processo de geração (que de fato é bastante agradável), o nosso primeiro contato com o amor começa após abandonarmos o conforto do ventre da nossa progenitora, e um senhor de mascara e touca nos aviar uma valente palmada no rabo. Nesse momento abrimos os olhos para o mundo, damos meia dúzia de berros, somos semi-limpos, e vamos ser depositados nos braços daquela pessoa que a partir desse momento será a nossa maior fonte de amor, a nossa mãe (isto em condições normais).

Dai para a frente, o nosso pai, irmãos, familiares próximos, e alguma prima em segundo grau também podem ajudar... ou então nem por isso.

Passamos a infância - onde descobrimos que dos peitos femininos pode advir bastante felicidade... ideia que nos acompanhará até ao final dos nossos dias - e chegamos à fase da puberdade.
Nesta altura da vida, os nosso sentidos dizem-nos que amor é quando o nosso pilau fica irrequieto ao pé de uma menina (ou menino) (ou ambos) (não critico, não julgo, cada um faz o que quer!), e será assim durante uns anos (largos), Muitas vezes vamos confundir o fato de sentirmos as calcas a apertar na genitália com amor. Os mais novos não se preocupem... habituem-se, não façam dramas, vão ter de conviver com isso.

Crescemos, assentamos, começamos a passar pelo que gosto de designar por "Evolução Pedro Abrunhosa", que basicamente consiste em transitar da fase do "Talvez F****", para a fase do "Toma conta de mim".
Apesar do nosso pilau nos continuar a pregar partidas, já estarmos habituados, e não o contrariamos muito... começamos a querer algo mais.
Chegamos então ao ponto onde me quero focar neste post.

O que é que queremos afinal do amor numa fase adulta?

O que nós queremos mesmo, é simplesmente sentir nos olhos da pessoa que partilha a vida connosco, que somos especiais, que valemos a pena, que somos melhores que todos os outros no mundo, que os nossos esforços são recompensados, que curvados, com óculos grossos vestindo a roupa de Clark Kent, ou de peito erguido alto com as cuecas por fora das calças como o Superman, ela olhe para nós como um super-herói.

O que somos na realidade?

Basicamente nada de especial.
Somos regulares como os outros.
Não somos melhores, nem somos piores.
Não temos super-puderes.
Temos virtudes, temos defeitos, temos 5 bicicletas... temos mais roupa e sapatilhas de desporto do que fatos e sapatos de trabalho... temos o habito de nos isolarmos do mundo, não lavamos sempre a louça que sujamos, e o nosso quarto por vezes parece que foi assaltado enquanto estávamos fora de casa...
Mas queremos fazer com que elas se sintam felizes, e sermos felizes com elas.
Mesmo quando reclamam por tudo e por nada.
Mesmo quando têm variações de humor.
Mesmo com as dores de cabeça que elas nos provocam... porque nos tiram do serio, nos fazem olhar para rabos alheios, ate mesmo ter flirts, mas ficar por ai... porque sabemos que ao regressar para casa, teremos novamente aquele olhar, que simplesmente nos faz sentir especiais...

Mas apenas e só, quando esse olhar existe.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Natal Disfuncional

Lembro-me dos Natais da minha infância. Quando falo de infância refiro-me aquela altura em que habitava um corpo de criança. Isto porque tal como o Peter Pan, recuso-me a crescer (e só não ando de collants verdes, porque experimentei uma vez e fazem-me o rabo gordo).

Via o Natal como a altura em que recebia brinquedos e comia doces, o que na minha visão de criança gulosa, era algo como atingir o Nirvana para os Budistas, ou o Paraíso para os católicos, mas - e isto para os últimos - sem a parte chata de falecer...

Nunca houve muito o conceito de família reunida. Talvez porque nunca houve muito o conceito de família em primeiro lugar...
Recordo-me de uma vez o clã materno se ter reunido em casa do meu avô, e aquilo ter sido bastante animado, e ter terminado com insultos e porrada. Parecia um espectáculo da WWE....
Do lado paterno não era melhor. O meu pai tinha divergências com o meu avô e não falavam, o meu tio tinha divergências com o meu pai e também não falavam, e mais tarde - para não quebrar a tradição - também eu tive divergências com o meu pai, e deixamos de falar...

Houve uma altura em que a nossa consoada era feita a quatro. A minha mãe atrasava-se sempre devido a enorme carga de trabalho que tinha nessa época, a minha irmã andava de um lado para o outro no salão também, o meu pai tinha certas reticências em aproximar-se da cozinha, e eu era muito novo para cozinhar (ainda hoje sinto isso, mas por questões de sobrevivência já enfrento as panelas como um guerreiro espartano! Muitas vezes de cuecas como o Leónidas no filme 300! E sim com os mesmos abdominais, embora mais ocultos...).
Basicamente comíamos bacalhau cozido com batatas e couves (o que me fazia confusão, pois não considerava aquela refeição digna da celebração do nascimento do filho de Deus), e depois ingeríamos uma quantidade enorme de açúcar, farinha, chocolates e fritos... como se aquela fosse a primeira e ultima vez que comeríamos doces na vida!

A meia-noite trocávamos presentes, o meu pai ia para o café ter com os amigos, e pronto voltávamos a ser uma família disfuncional embora com mais brinquedos, e um nível de glicemia mais alto no sangue.

Entretanto as coisas mudaram, os anos passaram, o meu pai partiu, a minha irmã casou... e apareceu uma criança muito fofa na nossa vida, que por acaso é meu sobrinho. 
Recordo os últimos natais como os melhores. A nossa família juntou-se à família do meu cunhado. Senti que a minha mãe estava em paz, que a minha irmã estava feliz, o meu afilhado estava em êxtase, e que todos estávamos bem... E já gosto de bacalhau cozido... 

Este ano estou ainda mais ansioso por esta celebração. Desde Agosto que não estamos juntos, e há qualquer coisa nesta época que amplia a nostalgia, o amor familiar, a vontade de estar com os nossos... de os abraçar, de ver os seus sorrisos (de tirar umas selfies e as publicar no facebook).
Hoje sinto apenas que o único aspecto disfuncional da nossa relação familiar, e que não podemos estar juntos sempre que queremos.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Querido Pai Natal

Querido Pai Natal,
Como vai isso?

Não sei se ainda te lembras de mim... Era aquele miúdo gordito, que escrevia textos em poema com rimas rudimentares... Não sei se ajuda.
Peço desculpa por não te escrever há uns anos, mas tinha menos de uma década de idade quando me fizeram acreditar que eras uma fraude, e desde esse dia, senti que seria um ato parvo enviar correspondência para ti.
Actualmente a minha noção de parvoíce é diferente, e senti saudades de te escrever.
É verdade que nunca respondeste às minhas cartas antes (mas isso nem as meninas que andavam comigo na escola na altura, e nem por isso não eram reais), mas tendo em conta os e-mails com resposta pendente que tenho na caixa de entrada, compreendo-te perfeitamente.
Não te venho pedir brinquedos como antigamente, nem paz no mundo como as concorrentes dos concursos de beleza... Apetece-me apenas escrever para ti. Como nos bons velhos tempos.
Dizem que são coisas da idade... é verdade, já estou quase a passar os 30, acreditas?
Como o tempo passa depressa, e as coisas mudam. Olha, hoje em dia prefiro brincar com barbies a brincar com legos...
Estou a viver em Amesterdão neste momento, mas tenho sido um "menino" bem comportado... Sinceramente até já tentei não o ser, mas nunca fui bem sucedido. Creio que é necessário ter certas característica das quais não fui dotado. Esse foi um dos motivos porque decidi abandonar o meu país... não conheço a realidade da Lapónia, mas aquilo em Portugal funciona à base de "cunhas" e "padrinhos". Não sei se percebes calão português... É verdade, falas português ou tens um tradutor que te lê as cartas?
Bem, estou contente com a decisão apesar de sentir saudades da família, das montanhas e dos amigos. Até os piores pratos da minha mãe (ela não é das melhores cozinheiras, mas isso fica entre nós), sabem melhor que os melhores pratos dos restaurantes do mundo. Sinto saudades de ser bajulado, de ser elevado ao título de semideus que só o sorriso dela me consegue fazer sentir. Sinto falta das piadas da minha irmã, e do meu sobrinho. Quando sai de Portugal ele ainda só emitia sons, e agora já diz frases!
Estou quase a ir visita-los se tudo correr bem... Por falar em viagens, andar de trenó aquela velocidade não é muito frio?
Fala-me um pouco de ti... como é que consegues ter sempre a barba imaculadamente branca? Perdes muito tempo com isso? Eu já tentei deixar crescer a barba (estás in neste momento), mas dá muito trabalho, e os meus pelos faciais têm personalidade própria, e nascem onde e a apontar para onde querem...

Neste momento não tenho muito mais para dizer, a não ser que não tentes entrar pela chaminé lá de casa, que nós deixamos a lareira acesa, e ainda acontece um acidente.
Bom Natal, que tenhas sucesso na distribuição de prendas este ano, e que faças muitas crianças felizes, como em tempos me fizeste a mim.

Do teu amigo,
Daniel