sábado, 12 de dezembro de 2015

Querido Pai Natal

Querido Pai Natal,
Como vai isso?

Não sei se ainda te lembras de mim... Era aquele miúdo gordito, que escrevia textos em poema com rimas rudimentares... Não sei se ajuda.
Peço desculpa por não te escrever há uns anos, mas tinha menos de uma década de idade quando me fizeram acreditar que eras uma fraude, e desde esse dia, senti que seria um ato parvo enviar correspondência para ti.
Actualmente a minha noção de parvoíce é diferente, e senti saudades de te escrever.
É verdade que nunca respondeste às minhas cartas antes (mas isso nem as meninas que andavam comigo na escola na altura, e nem por isso não eram reais), mas tendo em conta os e-mails com resposta pendente que tenho na caixa de entrada, compreendo-te perfeitamente.
Não te venho pedir brinquedos como antigamente, nem paz no mundo como as concorrentes dos concursos de beleza... Apetece-me apenas escrever para ti. Como nos bons velhos tempos.
Dizem que são coisas da idade... é verdade, já estou quase a passar os 30, acreditas?
Como o tempo passa depressa, e as coisas mudam. Olha, hoje em dia prefiro brincar com barbies a brincar com legos...
Estou a viver em Amesterdão neste momento, mas tenho sido um "menino" bem comportado... Sinceramente até já tentei não o ser, mas nunca fui bem sucedido. Creio que é necessário ter certas característica das quais não fui dotado. Esse foi um dos motivos porque decidi abandonar o meu país... não conheço a realidade da Lapónia, mas aquilo em Portugal funciona à base de "cunhas" e "padrinhos". Não sei se percebes calão português... É verdade, falas português ou tens um tradutor que te lê as cartas?
Bem, estou contente com a decisão apesar de sentir saudades da família, das montanhas e dos amigos. Até os piores pratos da minha mãe (ela não é das melhores cozinheiras, mas isso fica entre nós), sabem melhor que os melhores pratos dos restaurantes do mundo. Sinto saudades de ser bajulado, de ser elevado ao título de semideus que só o sorriso dela me consegue fazer sentir. Sinto falta das piadas da minha irmã, e do meu sobrinho. Quando sai de Portugal ele ainda só emitia sons, e agora já diz frases!
Estou quase a ir visita-los se tudo correr bem... Por falar em viagens, andar de trenó aquela velocidade não é muito frio?
Fala-me um pouco de ti... como é que consegues ter sempre a barba imaculadamente branca? Perdes muito tempo com isso? Eu já tentei deixar crescer a barba (estás in neste momento), mas dá muito trabalho, e os meus pelos faciais têm personalidade própria, e nascem onde e a apontar para onde querem...

Neste momento não tenho muito mais para dizer, a não ser que não tentes entrar pela chaminé lá de casa, que nós deixamos a lareira acesa, e ainda acontece um acidente.
Bom Natal, que tenhas sucesso na distribuição de prendas este ano, e que faças muitas crianças felizes, como em tempos me fizeste a mim.

Do teu amigo,
Daniel

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